O famoso cimento queimado, que teve seu ponto alto de destaque em meados de 2020 aqui no Brasil – mantendo-se como um dos termos mais pesquisados no ramo de revestimentos no Google Trends nos últimos anos -, agora tem uma nova companhia: o LimeWash. Com um efeito visual muito parecido com o do cimento queimado, essa textura incorpora alguns movimentos comportamentais pós-pandêmicos que implementam a natureza nos ambientes, como os tons terrosos, de forma suave e confortável.
Fugindo um pouco do cinza industrial e gélido, o LimeWash traz consigo tons mais quentes, muitas vezes sendo a mistura de duas ou mais cores, fornecendo resultados completamente únicos para cada projeto, garantindo assim a expressão da personalidade de forma satisfatória – ponto de grande destaque nos ambientes pós Covid-19.
Datado da época romana, é mais uma inspiração vinda do Classicismo, percebido pelas pessoas como algo familiar e nostálgico, e por isso, gerando aceitação quase instantânea. Antigamente, o material utilizado para este efeito era derivado de calcário, que também servia para iluminar pedras e madeiras, mas atualmente segue o conceito DIY, assim como o efeito do cimento queimado, podendo ser feito de forma “livre”, ignorando as imperfeições e dando vida às premissas do wabi-sabi de forma palpável. Para fazer o “verdadeiro” LimeWash, é utilizada uma massa de cal envelhecida, que depois é diluída com água e colorida com pigmentos naturais. Dessa forma, a cal cria uma superfície fosca com textura parecida com camurça, promovendo a sensação de profundidade às paredes.
Podendo ser utilizada tanto em ambientes internos quanto externos, a cal penetra nas paredes, e por isso pode ser aplicada em superfícies porosas, como gesso, pedras e tijolos. E com o movimento crescente na procura por essa textura, marcas começam a facilitar a vida dos consumidores criando produtos de fácil utilização. A Kalklitir da Suécia, já oferece uma gama de cores para aplicação do LimeWash.
Analisando pelo viés comportamental, este é mais um resultado com grandes influências dos últimos dois anos pandêmicos. Após ficarmos tanto tempo em nossos lares, a necessidade de nos sentirmos mais acolhidos pelos ambientes tornou-se um dos principais itens analisados no momento de fazermos escolhas estéticas. O LimeWash ajuda a aumentar a sensação de aconchego, graças à textura visual e tátil, e suas cores mais “quentes” também fazem toda a diferença no resultado final.
Diferente da pegada mais maximalista, essa é uma ótima opção para criar ambientes mais leves sem utilizar apenas cores lisas, como branco ou bege, e garantir sensações visuais e táteis, levando a organicidade dos materiais escolhidos para dentro dos lares. Analisando o princípio da integridade, descrito pelo arquiteto estadunidense Frank Lloyd Wright (1867-1959), “item que afirma a uniformidade do projeto, colocando a obra como uma unidade indivisível, que se relaciona com o ambiente externo e com o próprio interior, onde todas as partes têm a mesma importância e estão juntas, sem deixar a beleza e a harmonia de lado, fazendo parte da paisagem”, podemos ver esse conceito em prática através do Essencialismo, que busca a valorização dos materiais naturais.
Analisando os princípios de Frank Lloyd, temos a ideia da arquitetura orgânica, que refere-se ao próprio design das construções ser pensado e desenvolvido para funcionar como um organismo em sua totalidade, criando um alinhamento entre a natureza e a filosofia humanista, que em termos arquitetônicos “transformam” as formas em mais adaptáveis e agradáveis para o ser humano, gerando um aspecto menos rígido. Podemos facilmente observar uma crescente utilização deste princípio nos últimos anos – acelerado pela pandemia -, e que deve permanecer, como vemos pelo exemplo do LimeWash.
