Entre as principais temáticas observadas na temporada de Outono/Inverno 23/24 a que mais vinha dando sinais de crescimento é referente à peças com um apelo natural. Essa tendência teve início na decoração de interiores, com a forte presença de materiais naturais rústicos (de tecidos a rochas) e cores minerais. Essas texturas e cores também marcam presença na moda, adicionada a formas orgânicas e fluidas, além de motivos botânicos.
O elemento central desta narrativa se dá pela utilização de elementos que comuniquem estabilidade e confiabilidade, necessárias em um contexto de recessão econômica pós-pandêmica. Além disso, a utilização de inspiração natural é algo presente na moda de forma cíclica, mesmo que haja diferentes interpretações do conceito, por meio de outros elementos visuais e culturais.
As cores minerais, a maior característica deste conceito, vem sendo apresentadas desde a temporada de Primavera/Verão e Resort 22, com cores de gemas opacas, como o Turquesa – de Edeline Lee, o Lápis Lazuli – de Valli, e a Jade. Para a próxima temporada, a aposta é voltada mais para tons terrosos, a exemplo do que foi visto nos desfiles da Hermès, Collina Strada e Undercover- resultado de uma forte presença de vermelhos e alaranjados, mas os tons de verde e azul frio também são utilizados, em menor proporção.
Incorporando essas cores, a estamparia também é diretamente relacionada ao styling, onde peças com o mesmo padrão são combinadas em um mesmo look, como presente nas passarelas de Altuzarra e Balmain. Quanto às estampas em si, como mencionado anteriormente, há a utilização de elementos orgânicos e botânicos, com flores sendo uma das estampas mais utilizadas nesta temporada. De acordo com a Heuritech, os florais – em especial os de traço turvo – marcaram presença em 22% do vestuário dos desfiles da temporada, com uma grande magnitude. Estampas florais estiveram presentes nas coleções de Bottega Veneta, Burberry, Carolina Herrera, Dior, Erdem, Loewe e Dries Van Noten.
Os materiais utilizados variam amplamente, porém em todos os casos a textura é algo a ser notado. Diferente do design de interiores, onde encontramos uma ampla utilização de materiais naturais, rústicos e brutos, os materiais na Moda pendem para algo refinado, com uma tendência a tecidos fluidos e/ou brilhantes, como das peças de Lanvin, Dior e Ulla Johnson. Essa combinação naturalmente resulta no emprego em massa do cetim, que pode ser apontado como o principal tecido da temática, acompanhado de outras opções como o tafetá, rendas aplicadas e musselin.
No que se trata das silhuetas e elementos presentes, peças com volume localizado – como mangas bufantes e pepluns – foram características da temática, como apresentado por Erdem e Rodarte. Vestidos retos ou evasê, fluidos ou levemente estruturados, foram a principal peça utilizada. Muitos desses vestidos contavam ainda com decote reto ou coração ou gola redonda – nas versões mais sóbrias; além de mangas longas e comprimento midi à longo, em um conceito down to earth.
