MILÃO FW 24/25

A semana de moda de Milão é conhecida pela forte presença da alfaiataria e cortes tradicionais. Simon Longland, diretor de compras de moda da Harrods, comenta à Vogue que “Apesar das identidades únicas e das abordagens criativas das marcas, houve um alinhamento notável na sua interpretação das principais tendências que dominaram os desfiles de Milão”. Essa similaridade engloba ainda a semana de moda masculina, que aconteceu entre a metade e o fim de janeiro. Seguindo com o conceito de peças de modelagem simples, sem grandes elementos criativos, as coleções expressaram fortemente um ar sóbrio nesta edição. Qualquer extravagância visual que possa ter sido vista nas passarelas de Milão foi deixada no passada, junto das cores vibrantes (com exceções pontuais).

Tons escuros e suaves, fortemente associados com as estações frias, foram as cores utilizadas com maior frequência nas coleções. O cinza escuro já havia aparecido com grande frequência no O/I 23 e a sua utilização segue importante em peças femininas e masculinas, como visto nas coleções de Anteprima, Diesel e Ermanno Scervino. Assim como em Londres, o marrom também foi uma aposta constante entre as marcas, a exemplo de Etro, Fendi e Jil Sander, junto ao azul marinho, verde oliva, preto e bege. A principal exceção da temporada em termos de cor foi o vermelho, encontrado nas passarelas de Ferragamo, Antonio Marras e Ferrari. Essa cor vem se tornando uma escolha constante nas principais semanas de moda há algumas temporadas.

Silhuetas retas foram a aposta mais constante, onde as peças são deixaram muita pele exposta. Nas saias, apresentadas por marcas como Prada, Fendi e Roverto Cavalli, comprimentos longos e midi foram os mais usados. Entre as principais peças, o cardigã ocupou o espaço de terceira peça principal, que na temporada de O/I anterior era dos blazers, sendo visto na Gucci, Moschino e Tod’s. Os desfiles de Moschino e Gucci foram também palco para a breve volta do babydoll, tendência da Primavera/Verão 23. Para a criação dessas linhas, os materiais mais usados em Milão seguem os mesmos identificados nas outras semanas de moda da temporada. A cartela inclui os tecidos transparentes, de Dolce & Gabbana, Versace e Tom Ford, o couro, de Versace, Botega Venetta, Emprio Armani e Sportmax, e o pelo – utilizado em casacos – de Dolce & Gabbana, Marni e Philipp Plein.

A composição das peças seguiu ao longo da semana com misturas simples. Muitas das peças únicas, com destaque para os vestidos, foram usadas sem adições. Composições com calças ou as saias longas já mencionadas incluíam uma 3ª peça, em geral os também comentados cardigãs e blazers. A utilização de estampas e suas misturas não são um ponto alto das marcas que exibem as suas coleções na Itália. Isso ficou ainda mais notável com a mudança de direcionamento de marcas que, sob o comando anterior, investiam em uma ampla variedade de padrões, sendo o caso da Gucci e Etro.

Nessa temporada o desejo de focar as suas produções a um consumidor de luxo que utilize as peças de forma rotineira, ao invés de trazer elementos muito conceituais, segue em evidência, repercutindo a onda do quiet luxury. A popularidade dessa estética no Brasil e a usabilidade dos elementos individuais visualizados nessa edição, assim como que temos visto ao longo dessa temporada, fazem possível a aplicação desses elementos no vestuário voltado para o público brasileiro, adaptando de acordo com os desejos do público-alvo.