Em meio à popularidade das pérolas na joalheria, os acabamentos iridescentes ganham espaço nos acessórios e até mesmo no vestuário. Esses efeitos costumam aparecer dentro de uma estética retrô-futurista, muito presente na semana de moda de Milão – temporada de Outono/inverno 22/23, ou também como a materialização da inspiração crescente em elementos marítimos. A temática subaquática, por sua vez, surge como uma visão atualizada sobre o futurismo, que, junto aos acabamentos perolados, propõe a inclusão de novos tipos de texturas e materiais inovadores; trazendo também aspectos do mundo digital, que se une à temática pela cartela de cores, que tem como base cores como lilás, roxo e tons claros e médios de azul e rosa.
Essas temáticas emergem a partir de um sentimento de nostalgia em encontro com o forte avanço tecnológico proporcionado pela idealização de um metaverso. Enquanto os produtos e espaços digitais ainda se apresentam como protótipos ou experimentos iniciais, apesar de já extremamente complexos, o mundo físico replica a idealização dessa estética através de superfícies irredescentes que lembram artificialidade e uma espécie de desejo lúdico, sempre em shapes orgânicos que lembram uma ilusão ou uma mudança de estado físico do produto que está sendo encarado.
A iridescência, fenômeno encontrado nas pérolas sob o nome de Oriente, é replicada em produtos desde o século IX. São dessa data os primeiros registros de lustreware, um produto de porcelana, cerâmica ou até mesmo vidro coberto com camadas de esmalte metálico, emitindo assim um efeito iridescente. O efeito passou a ser utilizado na moda quando inseriu-se o uso de tecidos feitos a base de petróleo, como o poliéster, fazendo-se popular na segunda metade do século XX, especialmente na década de 70. Mais tarde, na década de 90, o efeito iridescente passou a ser usado na maquiagem. Tanto no século passado quanto no atual, a aplicação desses acabamentos em variados campos da moda se deu possível em virtude dos avanços tecnológicos.
Na moda contemporânea, os acabamentos iridescentes aparecem especialmente em acessórios, como bolsas e sapatos. Em calçados, a tendência aparece em pares da brasileira Schutz e da francesa Altuzarra. Roupas com esses efeitos já vinham aparecendo desde o Outono/Inverno 21/22 da Dolce & Gabbana. Posteriormente foram vistas em peças da coleção de Stella McCartney, da temporada de Resort 22, bem como nos vestidos de festa de Elie Saab, de Alta Costura Primavera/Verão 22 e em peças da Rochas, de Outono/Inverno 22/23. Ainda em semanas de moda, maquiagens com efeitos iridescentes apareceram na beleza de desfiles de marcas como Valentino e Anna Sui, de Primavera/Verão 2022.
Na decoração, as peças que aparecem com efeitos iridescentes são produtos como cerâmicas, vidros, espelhos, que entram nas temáticas mencionadas. Exemplos disso são as criações da marca Balefire glass, que produz vasos inspirados na história da cerâmica japonesa e nos métodos tradicionais italianos de produção de vidro. Os espelhos da Ocrum também aparecem trazendo este efeito, mesclando elementos decorativos e funcionais, transformando assim a combinação de cerâmica, vidro e a inspiração em lagos de diferentes partes do mundo em arte.
