Após a abertura em Nova York, o Fashion Month seguiu para sua segunda parada em Londres. Desta vez, a expectativa em torno da London Fashion Week revelou-se especialmente elevada pois há anos o evento não despertava tanto entusiasmo na comunidade da moda. A programação cresceu em escala e relevância, reunindo estreias aguardadas, retornos importantes e a chegada de marcas internacionais que não se apresentavam na cidade há bastante tempo. Esse movimento é resultado direto da nova gestão de Laura Weir, atual CEO do British Fashion Council (BFC), que reposicionou o evento com foco em relevância cultural, visibilidade global e maior suporte aos designers. Fiel ao espírito londrino, a semana equilibrou a energia de nomes já consolidados com o frescor de talentos emergentes, reafirmando seu papel como um espaço de experimentação conceitual, onde a essência criativa das marcas prevalece sobre a busca por tendências meramente comerciais.
A essência que permeou a London Fashion Week destacou o caráter experimental que já é marca registrada da cidade. As coleções apresentaram-se como extensões naturais da identidade de cada marca, mas com um foco claro na auto expressão, reafirmando a moda como um território de liberdade criativa. Nos desfiles, o hedonismo com referências ao passado ganhou espaço em peças que mesclavam nostalgia e inovação, enquanto a reinvenção foi o verdadeiro eixo narrativo. O uso generoso de tecidos e códigos do ultrafeminino também estiveram presentes.



O retorno dos tons pastéis
A paleta cromática que marcou a London Fashion Week revelou uma guinada em direção a composições mais vibrantes e primaveris, em contraste com a sobriedade observada em outras capitais da moda. O protagonismo coube aos tons pastel, que dominaram vestidos fluidos, conjuntos coordenados e peças únicas, trazendo suavidade e frescor à temporada. Cores delicadas como azul claro, rosa bebê e lavanda surgiram em destaque nas coleções de Mithridate e Talia Byre.




Florais e laços por toda parte
Os tecidos e estampas reforçaram a tradição da temporada de primavera e verão em dialogar com referências florais, mas de forma renovada e ousada. Rendas desconstruídas e sutis jogos de transparência surgiram como elementos recorrentes, muitas vezes combinados a aplicações tridimensionais de flores. Outra presença marcante foi o laço, revisitado em múltiplas escalas: dos modelos oversized, que ganharam destaque nos ombros de blusas e vestidos na Marques’Almeida, às versões delicadas exploradas por Simone Rocha e até os gigantescos que dominaram as sapatilhas Mary Jane da Erdem. Em termos de texturas, o crochê reafirmou sua força como ícone contemporâneo do artesanal, sendo utilizado e mesclado com rendas, tules e muita volumetria de tecidos.






Cinturas marcadas e volumes nos quadris
As silhuetas apresentadas na London Fashion Week reafirmaram a vocação da cidade para a teatralidade e a reinvenção histórica, transitando entre o mini e o longo, em propostas que equilibram ousadia e sofisticação. As cinturas marcadas surgiram como protagonistas, reforçadas por armações e estruturas internas posicionadas logo abaixo da linha da cintura, criando um contraste marcante entre o tronco ajustado em estilo corset e quadris volumosos. Essa retomada histórica materializou-se especialmente nas saias bufantes, que retornaram com força nas passarelas da Mithridate e da Keburia, inserindo um drama quase escultórico nas coleções. Outro detalhe recorrente foi a gola alta, elemento que já havia se destacado em Nova York e que, em Londres, foi reinterpretada de diferentes formas. O resultado foi um panorama que mesclou referências históricas e releituras contemporâneas.






Cinco tendências para apostar
Os tons suaves, como rosa bebê, azul claro e lavanda, dominam, mas recebem contrapontos vibrantes em rosa intenso e verde. Marcas e lojistas podem apostar em coleções cápsulas que combinem delicadeza e ousadia cromática, criando versatilidade entre o comercial e o conceitual.
– Rendas desconstruídas, crochês e aplicações florais 3D mostram que o artesanal ganha status de luxo. Narrativas que valorizem o feito à mão e o tempo de produção, atendendo ao público que busca autenticidade e exclusividade pode ser um diferencial.
– Laços em diferentes escalas e franjas como elemento de movimento.
– O revival dos anos dois mil, especialmente nas sobreposições de styling sinaliza um comportamento de consumo que mistura memória afetiva e experimentação estética.
– Mais do que seguir tendências, o consumidor de 2026 valoriza a moda como linguagem identitária. Para lojistas e designers isso significa criar experiências de compra e campanhas que transmitam liberdade criativa, diversidade de corpos e estilos de vida menos convencionais.