Dan Norman, escritor do livro “Design emocional: por que adoramos (ou detestamos) os objetos do dia-a-dia”, comenta que ao longo de quase um século a ciência vem dando ênfase à lógica, porém por tratarmos de seres capazes de sentir emoção – de forma consciente ou não, essa primeira atribuição é errônea. Isso reflete na criação de produtos que inicialmente parecem condizem com aquilo que pensamos querer, mas que muitas vezes tornam-se baseados em uma ilusão. Com a evidente importância do bem-estar na vida cotidiana, o design emocional também se torna um aspecto fundamental na criação de produtos.
Ao longo de 2022, a nostalgia foi um fator importante neste contexto, refletindo nas temáticas utilizadas nas semanas de moda, assim como nos materiais escolhidos, que incorporaram opções de apelo artesanal. Esses viés, assim como outros presentes no design emocional possuem como componente a presença de muitas influências e narrativas – resultando assim em perspectivas únicas, assim como a de cada indivíduo.
Apesar da individualidade, o consciente coletivo ainda possui um papel importante, dado o tempo e espaço que estamos inseridos. Conceitos como o phygital também são adicionados à mistura de referência, que possui como foco a palavra de ordem de 2023: o bem-estar. Para a WGSN, neste período os sentimentos de culpa e remorso estão sendo transformados em famílias redefinidas, fazendo da maximização do bem-estar uma prioridade máxima, envolvendo aspectos físicos e psicológicos.
No que se refere à estampa, a mais característica é a “aura”. A padronagem pode ser tida como uma evolução do tie-dye e diffusion dye/ gradiente. Esses padrões ainda estiveram extremamente presentes em coleções de produtos desenvolvidos em meio ao período de Covid-19 – aparecendo ainda em peças das temporadas de Alta Costura PV 22, em Paris, e em desfiles da temporada de PV 23 em Nova York. Entretanto, aqui as áreas e gama de produtos incorporados é mais extensa. Na fotografia, o projeto Radiant Human, de Christina Lonsdale, trás elementos de psicologia das cores, por meio de retratos.
Na beleza, unhas são a categoria que mais explora essa tendência, seguida pela maquiagem – que vem trazendo essa temática desde meados de 2020. Por fim, ainda na beleza, porém dentro do cenário digital, as auras também apareceram junto aos NFT, como parte forma de atrelar fragrâncias do universo físico com avatares, como na aposta da marca Byredo.