Relacionada com a “moda feia”, uma estética absurdista vem crescendo entre os jovens, que fazem o uso de uma estética peculiar nos mais variados âmbitos de suas vidas a fim de criar elementos cômicos – e não particularmente agradáveis visualmente. Fomentada pela presença constante dos memes na vida dos jovens da Geração Z torna-se o principal combustível para esta tendência, trazendo elementos surrealistas e até dadaístas. Essa presença é demonstrada por dados do The NYU Dispatch, onde é apontado que os gráficos de marketing tradicionais apresentam em média 5% de engajamento, enquanto memes chegam a render 60% de engajamento orgânico.

Para o WGSN, para os próximos anos, a cultura de memes seguirá dominando o zeitgeist, aka o espírito do tempo, influenciando nas estéticas. Presente no dia-a-dia da comunicação de geração Z, os memes hoje também estampam peças de vestuário. Para aqueles que adotam um visual surreal memer, o ato de se vestir é direcionado para expressão do seu senso de humor, tratando isso como característica essencial da sua personalidade. Neste caso, a ironia torna-se o ponto central, marcados por uma dose de fatalismo –  doutrina onde acredita-se que curso dos acontecimentos é inalterável. Essa característica é ainda mais nítida na sociedade brasileira, já que o comportamento fatalista é uma característica do povo latino-americano, como estabelecido pelo psicólogo social Martín-Baró.

Além da utilização literal dos memes, a implementação dessa estética condiz com estéticas surrealistas e dadaístas, criando expressões artísticas espontâneas e, consequentemente, aleatórias. Na mídia, encontramos como exemplo a revista Circus, lançada pelo fotógrafo Jackson Bowley no fim de 2021 e criada com o intuito de apresentar conceitos progressistas de beleza. De acordo com o idealizador, a publicação tem o circo como conceito, pensando em algo caótico e louco – fugindo completamente do que encontra-se tradicionalmente em catálogos de beleza e na maioria dos desfiles das semanas de moda tradicionais.

Outro exemplo de mídia com a utilização de elementos artísticos que vem sido amplamente questionada recentemente é a propaganda de promoção da coleção de Verão 2023 da Balenciaga. A marca que por muitas décadas foi pautada em símbolos de um vestuário clássico ganhou fortes elementos vanguardistas ao longo dos últimos anos, culminando diversas vezes em críticas ao novo estilo. Em um dos casos, há a discussão acerca da presença de livros com obras de Michaël Borremans e Matthew Barney, conhecidos por retratar assuntos potencialmente polêmicos- relacionando essas imagens à outras campanhas recentes da marca, que retratavam crianças e bolsas da marca que eram compostas por animais de pelúcia e elementos de BDSM.

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