[DESIGN] Material e Memória

A abordagem das emoções no desenvolvimento de produtos é um princípio a ser considerado em meio às tendências de personificação, apesar de estar sendo abordado em meio a pesquisas científicas desde o final da década de 1990. Nessas pesquisas, abordam-se assuntos acerca de um  campo que é denominado como “Design emocional”, o qual tem, por definição, o intuito de criar produtos de forma a despertar ou evitar determinadas emoções.  Entrelaçado com a nostalgia, neste conceito procura-se então produtos e materiais que despertam memórias positivas no consumidor, à medida que também cria novas narrativas baseando-se em uma memória material.

  “despertam memórias positivas no consumidor, à medida que também cria novas narrativas baseando-se em uma memória material.”

Isso tem como seu ponto de partida o estabelecimento da confiança e aprovação acerca de serviços e bens, uma vez que “Quando o truster tem pouco histórico com o trustee, ele ou ela usará o processamento de informações heurísticas para formar um julgamento de confiança; como resultado, os julgamentos de confiança de administradores desconhecidos são frequentemente influenciados pela heurística do afeto como informação”, como estabelecido por Dunn e Schweitzer – impactando assim a visão de marca e a forma em que uma empresa dialoga com o seu público.

 “há uma mudança nas respostas emotivas ligadas à memória, uma vez que agora muitos consumidores relacionam os seus acontecimentos pessoais com os coletivos, no que é denominado como uma “memória de época”

Relacionado com as consequências da pandemia de Covid-19, há uma mudança nas respostas emotivas ligadas à memória, uma vez que agora muitos consumidores relacionam os seus acontecimentos pessoais com os coletivos, no que é denominado como uma “memória de época”. Sendo um conceito desenvolvido por Henry King e Brian Solis, tratando-se de “[…] uma memória do tempo em vez de um momento ou episódio. É ao mesmo tempo cultural, emocional, autobiográfico e compartilhado. E é uma memória conectada a uma série de comportamentos, atitudes, estados e resultados que surgiram e se tornaram habituais por meio de uma longa exposição a esse período incomum”.

Tratando-se da materialização de conceitos, como a nostalgia, busca-se o aconchego a partir daquilo que é familiar e íntimo, tornando cada adaptação única. Sendo assim, há uma forte influência do regionalismo – percebido fortemente nas inspirações de coleções de Alta Costura da temporada de Outono/Inverno 21/22, em marcas como Ulyana SergeenkoFendi e Viktor & Rolf. Apesar de não existir um padrão, a aplicação do upcycling e do artesanato – por meio da utilização de cerâmica, tapeçaria, tricô, crochê, bordado e absolutamente qualquer outra técnica que possa ser contemplada dentro deste cenário. Há também a predominância do uso de tons terrosos, com seus tons quentes e suaves, que promovem a ideia de aconchego. 

Fendi
Ulyana Sergeenko

Tanto no vestuário, quanto na decoração de ambientes, as aplicações dos elementos citados resultam, muitas vezes, na estética de gerações passadas, principalmente no que diz respeito aos visuais das décadas de 1930 e 40. Com a implementação de certos recursos visuais e criativos, outras particularidades dessas épocas também ressurgem, como a estamparia (com motivos de flora, ao estilo liberty) e a presença de um ar de peças formais, encontradas por meio da alfaiataria.

Matt Mazur
Adrian Sassoon – “a pair of memory vessels”

Algumas marcas, como a do holandês Adrian Sassoon, criam peças a partir da memória de experiências, a exemplo de vasos quebrados que se tornam obras de arte, assim como feito também pela marca chinesa Prononce para os seus acessórios. Já Marcin Rusak, apesar de mencionar “memória palpável de nossa jornada” apresenta essa inspiração nos mais diversos produtos de decoração e móveis, como apresentado no projeto Flora.

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