[DESIGN] Artesania Digital

À medida que adentramos ainda mais na 4ª Revolução Industrial, cresce a inserção de tecnologias digitais nos processos de fabricação, em especial utilizando programas de CAD e CAM (acrônimos para Computer-aided design e computer-aided manufacturing). A inclusão desses processos se deu em virtude da sua praticidade e rapidez no desenvolvimento de projetos, assim como uma mais acessibilidade às impressoras. No processo de produção, a utilização dos softwares tornaram-se presentes no início e meio do desenvolvimento de produtos, sendo possível ter a materialização dessas ideias desenvolvidas durante o processo por meio de impressoras 3D – que hoje não apenas utilizam materiais a fim de geral protótipos, mas também para a produção do produto final. Dentro disso, essas ferramentas trazem a possibilidade de criar produtos individuais e também artigos em massa, entretanto com o avanço da tecnologia e da possibilidade de utilização de materiais avançados, cresce o que pode ser chamado de “artesania digital”.

 

Coleção de Danit Peleg – completamente impressa 3D

 

 “Segundo o statista, até 49% dos entrevistados disseram usar a tecnologia de impressão 3d afim de produção criativa

 

Segundo dados do Statistica, em 2017 o mercado de impressoras 3D valia o equivalente a 10 bilhões de dólares, sendo que a projeção era de que em 2021 esse setor valeria mais do que o dobro, chegando a $21 bilhões. Com base em outra pesquisa, a empresa afirmou que a prototipagem foi a maior finalidade de uso das impressoras 3D, respondendo pelo uso de 68% dos entrevistados, sendo ainda que 59% disseram que faziam uso da impressão 3D para prova de conceito, enquanto 49% usaram a tecnologia para produção.

Pautado no quesito experimentação partindo da união de ferramentas digitais com processos manuais, a artesania digital surge como uma inovação dentro dos mais variados setores. Dentro da moda, vemos uma variedade de peças que incorporam esses pontos, que vão de roupas completamente impressas ou a recentes tecidos desenvolvidos por meio de impressoras 3D, como é o caso de malhas elaboradas dentro da Manchester School of Art. Segundo os próprios pesquisadores, o estudo “explora a transformação e integração de formas impressas em 3D com tecidos de malha, tecidos e não tecidos. Com foco na criação de movimento e flexibilidade dentro das formas impressas em 3D, os laços entrelaçados são retirados da estrutura da malha. Essas estruturas são então aprimoradas e manipuladas antes e depois de serem impressas em forma 3D.” Outros estudos e aplicações do 3D na moda também surgiram em locais como Israel, onde Danit Pelef foi responsável pela primeira coleção de moda impressa digitalmente domesticamente.

 

Amostragem de malha tricô impressa 3D pela Manchester School of Art

Iris van Herpen | FW21
 

 

A inclusão das impressões 3D se dá até mesmo nas passarelas da semana de moda mais importante do mundo, a de Alta Costura. Isso é algo que se vê com frequência em coleções de Iris van Herpen. A fundadora e diretora criativa da marca menciona que a inclusão e a influência da tecnologia 3D nas suas criações se dá tanto de aplicações do manual para o digital, assim como o inverso. Muitas vezes ainda, ocorre a combinação de ambas técnicas, como nas aplicações manuais de elementos impressos em 3D na sua coleção de Outono/Inverno 2021, que ainda carregava conceitos de sustentabilidade ao usar material reciclado para a materialização dos projetos virtuais.

Como mencionado, com a evolução da tecnologia das impressoras, torna-se possível aumentar as possibilidades de materiais a serem aplicados. Hoje, além de variedades de resina, pode-se utilizar metais. Na indústria joalheira, em peças de grande detalhamento, utilizava-se (e ainda se utiliza) modelagem de protótipos em cera, que então evoluíram para moldes em resina, até chegar na opção de produção quase que completamente digital, a partir da impressão em metal. Ainda existem casos em que peças impressas em materiais tradicionais da impressão são integradas nas peças; como no caso dos projetos da holandesa Elleke van Gorsel, que inspirou-se em porcelanas holandesas do século XVI para desenvolver peças impressas em 3D.

 

Elleke van Gorsen

 

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