À medida que adentramos ainda mais na 4ª Revolução Industrial, cresce a inserção de tecnologias digitais nos processos de fabricação, em especial utilizando programas de CAD e CAM (acrônimos para Computer-aided design e computer-aided manufacturing). A inclusão desses processos se deu em virtude da sua praticidade e rapidez no desenvolvimento de projetos, assim como uma mais acessibilidade às impressoras. No processo de produção, a utilização dos softwares tornaram-se presentes no início e meio do desenvolvimento de produtos, sendo possível ter a materialização dessas ideias desenvolvidas durante o processo por meio de impressoras 3D – que hoje não apenas utilizam materiais a fim de geral protótipos, mas também para a produção do produto final. Dentro disso, essas ferramentas trazem a possibilidade de criar produtos individuais e também artigos em massa, entretanto com o avanço da tecnologia e da possibilidade de utilização de materiais avançados, cresce o que pode ser chamado de “artesania digital”.
![](https://pgbinteligencia.com.br/wp-content/uploads/2023/03/2-1.jpg)
“Segundo o statista, até 49% dos entrevistados disseram usar a tecnologia de impressão 3d afim de produção criativa“
Segundo dados do Statistica, em 2017 o mercado de impressoras 3D valia o equivalente a 10 bilhões de dólares, sendo que a projeção era de que em 2021 esse setor valeria mais do que o dobro, chegando a $21 bilhões. Com base em outra pesquisa, a empresa afirmou que a prototipagem foi a maior finalidade de uso das impressoras 3D, respondendo pelo uso de 68% dos entrevistados, sendo ainda que 59% disseram que faziam uso da impressão 3D para prova de conceito, enquanto 49% usaram a tecnologia para produção.
Pautado no quesito experimentação partindo da união de ferramentas digitais com processos manuais, a artesania digital surge como uma inovação dentro dos mais variados setores. Dentro da moda, vemos uma variedade de peças que incorporam esses pontos, que vão de roupas completamente impressas ou a recentes tecidos desenvolvidos por meio de impressoras 3D, como é o caso de malhas elaboradas dentro da Manchester School of Art. Segundo os próprios pesquisadores, o estudo “explora a transformação e integração de formas impressas em 3D com tecidos de malha, tecidos e não tecidos. Com foco na criação de movimento e flexibilidade dentro das formas impressas em 3D, os laços entrelaçados são retirados da estrutura da malha. Essas estruturas são então aprimoradas e manipuladas antes e depois de serem impressas em forma 3D.” Outros estudos e aplicações do 3D na moda também surgiram em locais como Israel, onde Danit Pelef foi responsável pela primeira coleção de moda impressa digitalmente domesticamente.
![](https://pgbinteligencia.com.br/wp-content/uploads/2023/03/3-3.jpg)
Amostragem de malha tricô impressa 3D pela Manchester School of Art
![](https://pgbinteligencia.com.br/wp-content/uploads/2023/03/4-2.png)
A inclusão das impressões 3D se dá até mesmo nas passarelas da semana de moda mais importante do mundo, a de Alta Costura. Isso é algo que se vê com frequência em coleções de Iris van Herpen. A fundadora e diretora criativa da marca menciona que a inclusão e a influência da tecnologia 3D nas suas criações se dá tanto de aplicações do manual para o digital, assim como o inverso. Muitas vezes ainda, ocorre a combinação de ambas técnicas, como nas aplicações manuais de elementos impressos em 3D na sua coleção de Outono/Inverno 2021, que ainda carregava conceitos de sustentabilidade ao usar material reciclado para a materialização dos projetos virtuais.
Como mencionado, com a evolução da tecnologia das impressoras, torna-se possível aumentar as possibilidades de materiais a serem aplicados. Hoje, além de variedades de resina, pode-se utilizar metais. Na indústria joalheira, em peças de grande detalhamento, utilizava-se (e ainda se utiliza) modelagem de protótipos em cera, que então evoluíram para moldes em resina, até chegar na opção de produção quase que completamente digital, a partir da impressão em metal. Ainda existem casos em que peças impressas em materiais tradicionais da impressão são integradas nas peças; como no caso dos projetos da holandesa Elleke van Gorsel, que inspirou-se em porcelanas holandesas do século XVI para desenvolver peças impressas em 3D.
![](https://pgbinteligencia.com.br/wp-content/uploads/2023/03/5-1.jpg)