Entre novas tendências e conceitos mantidos das temporadas anteriores, a semana de moda de Paris encerrou o circuito após apresentar peças com tecidos sensíveis à luz UV e dose considerável de recession core. Apesar das marcas da semana de moda francesa possuírem uma forte inclinação para produtos refinados, majoritariamente com um estilo elegante, a utilização de elementos visuais simples foi extremamente recorrente nesta edição. Os designers investiram principalmente em clássicos, voltados para a criação de um guarda roupa recheado de peças sofisticadas e atemporais para o cotidiano.
Minimalismo
Entre os principais conceitos, o minimalismo esteve em voga novamente. Apesar de algumas marcas continuarem a trazer uma pitada de extravagância, a austeridade contemporânea fez com que a grande demanda por itens duráveis e versáteis fosse o principal tópico do momento, de forma mais incisiva do que em temporadas anteriores. Com uma cartela de cores majoritariamente sóbria, as peças dessa linha trouxeram a inclusão de detalhes funcionais, mas não similares visualmente ao estilo utilitário, como anteriormente. The Row, Yohji Yamamoto, Saint Laurent, Balmain, Loewe e Balenciaga foram algumas marcas que se enquadraram nessas características.
Cores
Cores como preto e branco, que se fazem sempre presentes, apareceram acompanhadas por outras cores neutras, como cinza (Louis Vuitton, Rokh), bege (Hermès, The Row), caramelo (Miu Miu) e marrom (Schiaparelli, Balmain, Rokh), similar ao que foi percebido nas coleções apresentadas em Milão neste ano.
As principais escolhas para cores mais chamativas ficaram a cargo do vermelho, das peças de Balmain, Courrèges, Stella McCartney, Loewe e Valentino, assim como do rosa claro, de Versace, Chanel, Rick Owens, Givenchy, Sacai e Vaquera.
Styling
No styling algumas marcas, como Hermès, Balenciaga e Rick Owens, apostaram em looks monocromáticos. Já a aposta de Valentino, Chanel, Stella McCartney, Alexander McQueen e Sacai foi a mistura de peças P&B – fazendo também a mistura de roupas de outras cores com acessórios pretos, como botas de cano longo, como na coleção de Vivienne Westwood. Segundo a Heuritech, esse styling de peças pretas e brancas ocupou um total de 18% das passarelas de Paris.
Uma vez que o styling priorizou a construção de blocos de cor, diferente das coleções vistas em outras cidades da temporada, a utilização de estampas ficou em segundo plano, apesar da presença de florais de fundo escuro, da Dior, Balenciaga e Alexander McQueen.
Tecidos
A proporção de tecidos para peças formais e para casuais, em Paris, foi de 60/40, ilustrando a preferência das marcas por um estilo solene (?). Foi possível perceber ainda que houve uma predominância de tecidos opacos, variando daquilo que foi visto previamente na temporada. Tecidos finos e transparentes foram altamente empregados, especialmente em vestidos, a exemplo do que foi visto nas peças de Givenchy, Gauchere e Courrèges – correspondendo a 7% das peças das coleções.
Utilizando tecidos maleáveis, um elemento recorrente entre as peças foi o drapeado, recorrente em vestidos – presentes nas peças de Victoria Beckham, Schiaparelli e Balenciaga.
Materiais
Silhueta
Houve também a inclusão de materiais estruturados, que geravam um aspecto rígido mesmo em peças amplas. Isso foi respaldado por uma forte presença de silhuetas retas, trazidas pela Balenciaga, Valentino e Alexander McQueen. Essa escolha de materiais foi representada, especialmente pelo blazer, peça chave da edição com uma quota de 25% nas coleções apresentadas em Paris, como nas de Alexander McQueen e Chloé.
Considerando o principal conceito vigente – o já mencionado recession core, marcas seguiram baseando-se fortemente em elementos dos anos 80, a exemplo de Balmain, Saint Laurent e Balenciaga- porém associações com o vestuário da década de 40 foram ainda mais expressívas, visualizadas nas peças de Lanvin, Hermès e Sacai.