CASE VAREJO: LOUIS VUITTON E MURAKAMI .

É tempo de pós-NRF na vibrante Nova York, e o maior congresso e feira de varejo do mundo inspira inovações e renovações nas marcas, principalmente envolvendo omni-canalidade, experiências e co-criação. É o caso da Louis Vuitton, que mais uma vez inicia o ano com uma série de ativações com um designer icônico. Se há dois anos a marca impactava com uma nova leitura de sua collab com a japonesa Yayoi Kusama, este ano a gigante de luxo segue a mesma linha, desta vez com outro artista contemporâneo de sucesso: Takashi Murakami, reconhecido por seu trabalho pop e divertido, mas que carrega importantes críticas ao excesso de consumo. Desde o primeiro dia do ano, a LV retorno à essa colaboração que se deu inicialmente em 2001, sob comando de Marc Jacobs, quando então diretor criativo da marca. Com 12 anos em ativa comercialização, e quase outros 12 de hiato, a marca revisita a estética – com a fashion icon Zendaya como embaixadora. 

Cingapura – Fonte Vogue Foto Chin Fan
Fonte Vogue – Foto Philippe Jarrigeon

A volta desta estética que marcou uma geração aponta raízes em diferentes comportamentos que estão sendo mapeados, de macro a micro impactos. Quando analisamos pela vertente dos sentimentos e comportamentos gerais, fica claro uma relação com os COLECIONADORES, grupo de consumidores que valoriza peças assinadas, referências nostálgicas e reinterpretações de momentos icônicos. Ainda, podemos associar especificamente a revisita da estética dos anos 2008-2010, um cenário anterior ao minimalismo da década passada (regido pelo escandinavo) e um período que foi marcado por referências do mundo da música e do pop-culture. Assim, é possível observar o reforço deste movimento, atualizado para o varejo de 2025. 

Como principal característica da ação, é a ativação cruzada nos diversos canais da marca, assim como a atualização para o público mais jovem. Nos produtos, a referência da primeira collab é clara, mas recebe atualizações com tendências pontuais, como os lenços em stylings mais street e mini bolsas como referência aos tão desejados charms.

A cartela de cores é atualizada com fortes tons de roxo e fúcsia em destaque, além dos tradicionais amarelos e azuis  – e as atualizações fica por conta das estampas florais características do artista, além do seu personagem Mr. Dob em diferentes formatos. Ainda, ao navegar no site especial da coleção, a mesma estampa irradia do mouse, referenciando efeitos maximalistas usados no digital daquela década. Para coroar o aspecto divertido, a embaixadora é a própria Zendaya, jovem atriz de altíssimo sucesso através dos looks de impacto.

A Collab – Fonte Louis Vuitton
Nova York – Fonte Hyperbeast
Nova York – Fonte Deezen
Nova York – Fonte Hyperbeast

Outro destaque da ação é definitivamente sua tradução para o formato brick and mortar – o clássico varejo físico. Aproveitando o grande fluxo de início do ano em Nova York, com foco também nos movimentos da NRF, a loja deu início à collab com o lançamento de uma pop up store exclusiva no bairro Soho – e na mesma estratégia, promove uma abrangência global, com lançamentos seguintes em Tokyo, Shangai, Londres, Seoul, Cingapura e Milão. Aqui é possível fazer a leitura de vários destaques importantes: apesar de diferentes propostas para cada público em cada cidade, a estética vintage-futurista prevalece. 

Em análise as propostas de maneira geral, mas em recorte ampliado para o espaço de Nova York, a materialização da collab no varejo faz uso da estratégia “encharcados de cor“, traduzindo o maximalismo e o aspecto divertido em ambientes monocoloridos do piso ao teto. Criando janelas entre ambientes, sempre com arestas arredondadas, a ideia é reforçar o futurismo mais caricato, assim como o forro quadriculado em tela expandida, replicado nas outras lojas.  

Cingapura – Fonte Vogue

As vitrines são um aspecto a parte do projeto – diferentes entre si, criando a ideia de unicidade na experiência, talvez a principal lição dessa ação varejista. Enquanto Shangai apresenta elementos 3D interativos, Cingapura “fecha“ e esconde a visibilidade através da própria estampa aplicada nos vidros – mais um aceno maximalista e pop, reinterpretado para o formato atual: executando de forma mais macro, brincando com realidades e fazendo provocações da normalidade. É impossível não mencionar, para além de todo aspecto estético, a inclusão de experiências in store, desde cafés como na loja em Londres, máquinas e videogames como em Nova York, e mesmo talks e encontros como estratégia geral. 

Existem diversos pontos a serem analisados nesta ação: 
> Primeiro, o retorno de uma collab de sucesso dos anos 2000, reforçando o aspecto nostálgico da nova geração  e justificando sua condizente atualização para os dias atuais, as microtendências e os novos movimentos. 
> Segundo, sua tradução para omnicanalidade, com fortes investimentos tanto digitais, quanto no marketing de influência e por fim na experiência in store, reforçando a sede do consumidor em uma boa imersão em todos os pontos de contato. 
> E terceiro, uma estratégia de penetração geográfica, promovendo propostas diferentes em cada espaço mas seguindo aspectos internos comuns – facilitando sua aplicabilidade em perder o aspecto exclusivo da ação. 

Shangai – Hunter Gatherer Cingapura – Fonte Vogue Londres – Fonte Fashion United Tokyo – Fonte SuperFuture

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors