Análise | Men’s Fashion Week

Enquanto o calendário marca a entrada oficial do inverno no hemisfério sul, é temporada de verão no Norte, e depois das marcas concluírem com êxito suas coleções resort para o público feminino, a edição de verão iniciou-se trazendo as principais tendências do próximo ano para o público masculino. Passando por Florença, Milão e Paris, a Semana de Moda Masculina deste ano contou com uma agenda sólida, ainda que com algumas lacunas devido às trocas de diretores criativos. Grandes nomes como Prada, Louis Vuitton e Saint Laurent marcaram presença nas renomadas capitais da moda, e além da estreia de Jonathan Anderson na Dior Men, a marca brasileira P.Andrade também teve a sua primeira aparição em um desfile internacional. 

Em tempos de crises e incertezas, as maisons tentam entregar o que o público mais deseja: silêncio visual refinado e bem-estar. Os desfiles dessa temporada falavam mais sobre liberdade de espírito do que silhuetas rígidas e extremamente bem alinhadas – que antigamente eram solicitadas e aclamadas pelo público. Tudo estrategicamente construído para comunicar uma ideia de harmonia não conformista, como se a moda pudesse nos transportar, ainda que por instantes, para um outro lugar – mais leve e mais humano. As marcas estão rejeitando a ostentação e trabalhando com códigos densos e sofisticados, construindo autoridade estética às suas coleções e simbologias contínuas, gerando pertencimento aos consumidores.

O imperfeccionismo está na moda

Em fevereiro, na Semana de Moda de Milão, a estética mob wife levou às passarelas a volta do loungewear, e agora, na temporada masculina, essa tendência também esteve presente. A ideia é sair de casa com o próprio pijama, mas em versão deluxe. O loungewear foi elevado à alta moda com tecidos finos, cortes bem construídos e bordados detalhados em diferentes proporções, como os vistos no show da Dolce & Gabbana. Além da versatilidade e praticidade, permitindo o público ter um guarda-roupa cápsula, essa tendência demonstra a busca pelo conforto desejado pelos consumidores. Os chinelos, também fizeram parte da narrativa. Prada e Lii apostaram no simples e colorido, Namesake em slides e Dolce & Gabbana em chinelos peluciados em parceria com a Havaianas.

Dolce & Gabbana. Fonte: Getty Images.
Prada. Fonte: Getty Images.

O retorno do tailoring

A Alfaiataria está sempre em alta, mas nas passarelas de Milão e Paris ela ganhou destaque, seja com blazer de lapela e abotoamento, camisa listrada, gravata e calças com corte reto. Acontece uma reunião entre elementos, do pijama à roupa de trabalho, com a proposta da elegância e do conforto, tradição e esporte – tudo junto e misturado, como uma fusão balanceada e inteligente entre o super elaborado e o fácil de usar. Marcas como Louis Vuitton, Dior, Namesake e Giorgio Armani apostaram na mistura do streetwear com a alfaiataria, mostrando a versatilidade de elementos do workwear.

 Louis Vuitton. Fonte: Getty Images.
 Dior. Fonte: Elle.
Niccolò Pasqualetti Fonte: WWD.   

O desejo por peças com apelo funcional e estético

O evento refletiu um movimento por uma estética mais funcional, soberana e libertária. O desejo por calma e equilíbrio foi traduzido pela estética hiking. O termo representa um estilo de vida que atrai adeptos em busca de experiências ao ar livre e conexão com o meio ambiente, representando uma filosofia que une movimento, contemplação e autoconhecimento. Prada, Kolor, Namesake e Wooyoungmi levaram às passarelas microshorts utilitários, jaquetas esportivas, cartelas de cores cromáticas terrosas e acessórios inspirados em atividades ao ar livre, proporcionando vida à narrativa. Essa é uma clara resposta à crescente prática de exercícios físicos ao ar livre, principalmente em grupos, devido à alta introspecção humana em consequência dos avanços tecnológicos digitais.

Prada. Fonte: Getty Images.
 Wooyoungmi. Fonte: WWD.
Kolor. Fonte: WWD.

A sobriedade das cores invernais para o verão

A cartela de cores também reforçava esse desejo por calma e equilíbrio. As cores terrosas e sóbrias, como ocre, verde musgo e marrom, se misturavam com paletas claras de verão, reforçando a suavidade visual que as marcas queriam entregar. O grande destaque foi o azul, principalmente nas tonalidades escuras, como petróleo e índigo. Tonalidade frequentemente associada à sofisticação e integridade, transmitindo sensações de serenidade, tranquilidade e profundidade, reforçando a busca por pontos estratégicos que as marcas querem alcançar. Saint Laurent, P.Andrade e Louis Vuitton representam bem essa variedade de cor, enquanto Giorgio Armani aposta no azul, criando uma cartela de cores monocromáticas.

Louis Vuitton. Fonte: Getty Images.
Kolor. Fonte: WWD. 
Saint laurent. Fonte: Getty Images.

Entre listras e tecidos fluidos

As estéticas clean e urbana lideraram as passarelas. A combinação da fluidez dos tecidos com o acabamento primoroso das peças, transmitem sensação de liberdade, que dialoga com o momento atual da moda masculina, cada vez mais voltada ao conforto, sem abrir mão da estética refinada. É a arte de parecer impecável sem esforço, onde momentos do dia a dia podem ser celebrados com estilo e bem-estar. As estampas, no geral, foram um tanto quanto minimalistas, com peças lisas e desenhos lúdicos. Em destaque, as listras – principalmente na vertical. Dolce Gabbana, Louis Vuitton e Paul Smith apostaram na estampa colocando-a em blazers, bermudas e camisas.

Dolce & Gabbana. Fonte: Getty Images.  
Craig Green. Fonte: WWD.
Louis Vuitton. Fonte: Getty Images.

Ascensão da moda urbana

A busca pelo conforto trouxe silhuetas com muitas referências do streetwear, com modelagens amplas e oversized. Camisas sociais e ternos, apontavam para um equilíbrio entre elegância e descontração, enquanto bermudas acima do joelho e shorts curtos combinavam com a atmosfera despojada e leve. O outerwear veio para agregar valor nas composições, com jaquetas largas e sobretudos longos, abaixo dos joelhos.

Saint Laurent. Fonte: Getty Images.
P. Andrade. Fonte: WWD.
Taakk. Fonte: WWD.

5 tendências para apostar:

– Alfaiataria desconstruída, combinando peças atemporais de maneira criativa e versátil. 

– Silhuetas oversized, com modelagem ampla. 

– Tecidos fluidos e confortáveis, sem abrir mão da estética refinada. Aposte em estampas minimalistas e peças com cores neutras. 

Loungewear elevado à alta moda com tecidos finos e cortes bem construídos.- Peças com caráter utilitário funcional, como bermudas cargo, jaquetas impermeáveis e calças confortáveis.

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors