Há alguns anos é possível observar a grande influência internacional exercida pelos países asiáticos. Desde empresas tecnológicas com inovações de última geração, à música e produções cinematográficas. E é claro que, na moda não seria diferente. Do dia 17 ao dia 22 de março de 2025, aconteceu a Semana de Moda de Tóquio, também chamada de Rakuten Fashion Week. Conhecida por ser a semana de moda mais renomada da Ásia, a cada ano o evento captura a essência do cenário da indumentária de Tóquio, mesclando a estética tradicional com ideias vanguardistas, criando uma fusão única do Oriente com o Ocidente.
Trazendo referências da última temporada da moda europeia, onde as maisons revisitaram o gótico, em Tóquio o lado sombrio também invadiu as passarelas, com cores sóbrias, olhares profundos e atmosfera mórbida, exteriorizando mistério e densidade aos grandes desfiles. Embora Tóquio traga essa estética fatídica, não deixa de manifestar uma moda extremamente divertida, experimental e inclusiva, com coleções de roupas genderless, que visam eliminar os estereótipos de gênero.




O cinza e o preto foram as cores da temporada. Diversas marcas optaram por trazer peças monocromáticas – em diferentes tonalidades de cinza, e o preto, aludindo às semanas de moda de Londres, Paris e Milão, marcadas por um novo olhar sobre a feminilidade, onde a elegância e a ousadia se complementavam. Marcas como Hyke e Yoshiokubo elegeram os clássicos tons terrosos – em tonalidades como marrom, bege e caramelo como principais cores para o próximo ano.



O Japão possui uma grande variedade de estilos, com referências estéticas fortes, como a dos animes e dos mangás, que inspiram a cultura streetwear e techwear. Na temporada de 2025, essa moda divertida foi exemplificada em estampas de elementos gráficos e materiais extremamente texturizados, tanto visual quanto tático, com estamparias produzidas a partir de diferentes técnicas manuais realizadas no próprio tecido. Algumas marcas como Viviano e Chika Kisada ousaram em escolher o tule como matéria-prima destaque em suas composições, mas, os tradicionais tecidos de inverno, como lã e veludo, por sua vez, obtiveram grande destaque nos desfiles.




Diversificando a moda, as passarelas japonesas optam por silhuetas oversized, normalmente com peças abaixo do joelho, trazendo uma silhueta feminina totalmente diferente do padrão ocidental, reconstruindo o senso estético e projetando a figura feminina de uma forma única e nova.



A grande aposta da moda oriental são as sobreposições – técnica de estilo que consiste em vestir uma peça de roupa sobre a outra, criando um visual mais dinâmico e personalizado. Nas passarelas, as aplicações iam desde casacos sobrepostos até bermudas sobre calças. A alfaiataria desconstruída também obteve grande destaque, quebrando os padrões da clássica alfaiataria que inclui técnicas específicas de corte, tecidos especiais e acabamentos perfeitos. Com referências do streetwear, marcas como Yoshiokubo, Hyke e Youjiyoung dedicaram-se a propor peças de alfaiataria únicas e inovadoras.




É interessante observarmos os padrões que se mantiveram em todas as temporadas de moda, como o resgate de referências góticas, paletas de cores terrosas – com destaque aos tons de marrom e as texturas, que esbanjaram volume. Estas tendências podem ser traduzidas em peças de tonalidades escuras, texturizadas e até mesmo sobrepostas em tecidos pesados como lã, veludo e camurça.
