Análise | Fashion Week – São Paulo 25

Considerada a maior temporada de moda da América Latina, a Semana de Moda de São Paulo, também conhecida como São Paulo Fashion Week (SPFW), acontece duas vezes anualmente e apresenta as novas coleções dos principais designers brasileiros. A primeira edição, que aconteceu dos dias 6 a 11 de abril de 2025 trouxe diversidade e inovação, com desfiles em diversos locais de São Paulo, incluindo o Pavilhão das Culturas Brasileiras no Parque Ibirapuera, Casa Higienópolis, e outros locais emblemáticos da cidade. Além de estrear novos artistas, a programação reuniu nomes icônicos e marcas que consolidam o SPFW como uma plataforma de experimentação e expressão artística.

A crise do luxo, devido a diversos fatores econômicos e socioeconômicos, a crescente disputa com o mercado de exportação e o consumo desenfreado de moda rápida, geram impactos significativos na moda nacional. A quantidade de peças de vestuário a baixo custo alterou a relação das pessoas com as roupas, e desde o cenário pós pandemia, em que houve uma fase eufórica de consumo devido ao desejo reprimido de consumir durante a epidemia, resultou em uma fase de ressaca e retração no mercado. Ao longo dos últimos anos, a moda brasileira vem tentando se reinventar, tendo em vista que, desde o surgimento da indumentária, os modos de se vestir e as principais referências de criação são ditados pela moda européia, resultando na dificuldade de encontrar uma estética nacional e impactando o modo de consumo. Nessa temporada, as marcas levaram em consideração todos os aspectos citados acima, focando o seu olhar para as diversas formas de expressão em forma de arte, excluindo preconceitos e levando elementos da brasilidade às passarelas.

De volta às raízes

Na paleta de cores, a estética mórbida das passarelas internacionais foi deixada de lado para que os tons terrosos fossem os protagonistas. Com cores que remetem à natureza, como o marrom, bege, terracota e verde musgo, levando uma sensação de aconchego, naturalidade e conexão com a terra. Marcas como Dendezeiro e Normando trouxeram estas tonalidades como forma de reconexão e união dos brasileiros às suas raízes. Além disso, algumas tonalidades das cores vinho e azul também foram observadas.

   Fonte: Agência Fotosite
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A era das experimentações

Com o novo universo da moda se moldando, designers se veem no compromisso de inovarem as suas criações, abrindo espaço para as inúmeras experimentações, desde a criação de novas técnicas e materiais até a exploração de novas formas de expressão. Nessa coleção, as marcas se sentiram à vontade para criarem peças com muitas texturas, padronagens e recortes inusitados. Com a crescente do movimento Eco-friendy, o uso de tecidos não convencionais tem ganhado destaque, fugindo do tradicional e buscando soluções mais sustentáveis e inovadoras. Enquanto Reptilia optou por tecidos naturais, Normando explorou juta, malva e látex amazônico em suas criações.

Fonte: Agência Fotosite
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Fonte: Yago Mesquitta
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Estamparia sutil

Diferente das semanas de moda internacionais, onde as estampas foram definidas por padrões clássicos como xadrez e animal print, nas passarelas brasileiras elas foram substituídas por padronagens que vieram com boas doses de humor e uma pitada de sarcasmo, em forma de camisetas com estampas gráficas. A marca baiana Dendezeiro investiu, mais uma vez, nos símbolos dos times de futebol como parte da cultura brasileira, e a mineira Led, se inspirou no imaginário da televisão brasileira.

Fonte: Agência Fotosite
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Esculturas no corpo

As formas de cobrir o corpo e estruturar as roupas também foram destaque nessa edição. Designers optaram por utilizar volumes estratégicos e shapes inusitados inspirados na arquitetura, levando drama e elegância às coleções. Essa corpulência era localizada nos quadris, rememorando o uso das anáguas, e nos ombros acolchoados, que ganharam destaque nos anos 80. As proporções exageradas não são apenas um stetament visual, mas também uma declaração de liberdade e conforto.

Fonte: Agência Fotosite
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Essas tendências apresentadas na Semana de Moda de São Paulo representam uma rejeição às silhuetas restritivas, ou seja, o universo da moda está presenciando uma fase do vestir mais confortável e inclusiva. O cenário pós pandemia acelerou a crescente valorização do conforto e bem-estar, e no momento atual, os consumidores tendem a priorizar peças versáteis e de qualidade. É importante que as marcas se atentem a essas mudanças sociais para melhor adaptação de seus produtos no mercado. 

5 tendências para apostar:

  • Tons terrosos, como marrom, terracota, bege e verde musgo. Representam cores versáteis e permitem diversas combinações, se encaixando a diferentes estilos. 
  • Busca por soluções mais sustentáveis e inovadoras, utilizando tecidos naturais ou não convencionais. 
  • Estampas gráficas divertidas, podendo apostar em pequenas frases ou desenhos, transformando camisetas básicas em peças desejo. 
  • Silhueta oversized, com cortes intencionalmente maiores, amplos e volumosos. Essa tendência pode ser aplicada em ternos, calças, blusas e jaquetas, valorizando conforto, liberdade de movimento e um visual mais descontraído. 
  •  Peças agênero, com modelagens sem restrições, promovendo inclusão e celebrando a individualidade

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