Responsáveis por receberem as cores e estampas e por permitirem o desenvolvimento das silhuetas pretendidas, além de auxiliarem na transmissão do conceito das peças, os materiais são um elemento de extrema importância no vestuário. Na temporada de Outono/Inverno 23/24, os materiais se enquadram principalmente em duas temáticas que foram vistas ao longo das semanas de moda, variando de intensidade de relevância do conceito entre as cidades que foram palco para os desfiles. Entre as principais matérias primas, ocorre uma dicotomia entre materiais pesados e leves, reforçando a mensagem pretendida com cada estilo. Estes materiais, além de outros – como peles, rendas, lantejoulas e tweed, classificados como tecidos formais foram utilizados, em média, em 58% das coleções apresentadas em Londres, Milão e Paris, de acordo com dados da Heuritech.
Couro
Entre os materiais que não se enquadram como tecidos, o couro e suas imitações certamente merece uma posição de destaque. Há algumas temporadas ele vem sendo usado além de peças como calçados, bolsas e casacos/jaquetas, expandindo para todo o vestuário. Dentro do mix de produtos, a aplicação mais recorrente – além do tradicional – foi em vestidos (Loewe, Givenchy, Fendi, Rokh), adaptando-se a silhuetas variadas e conjuntos, geralmente combinando calças e casacos (Chloé, Prada, Alexander McQueen, Pacco Rabanne, Brandon Maxwell).
Lã batida
Um clássico presente constantemente nas semanas de moda, principalmente em cidades que possuem a alfaiataria como uma das suas principais áreas – como Milão e Paris, a lã se torna protagonista do recession core. A sua atemporalidade e versatilidade condizem com o contexto de investir em peças que apresentem um custo-benefício positivo, tendo em vista ainda que peças minimalistas, como a do conceito em questão, exigem tecidos que sejam capazes de preservar um acabamento de qualidade. Dado o conceito principal, este tecido compôs trench coats, blazers, calças e saias lápis, a exemplo do que foi apresentado pela Versace, Miu Miu, Chanel e Alexander McQueen.
Cetim
Importante especialmente nas coleções apresentadas em Nova York, o cetim se estabelece como um elemento primordial para um conceito de elegância simples e etérea, contrastando com outros materiais pesados usados em outros looks que beiram o minimalista. O tecido, que ganhou popularidade com o lingerie dressing das coleções de Primavera/Verão 23, continua sendo uma tendência para esta temporada com uma aplicação similar, em vestidos e saias. A utilização de tecidos acetinados e brilhantes aumentou em 12% em comparação com a temporada de Outono/Inverno 23/24, possuindo uma magnitude média. O cetim foi visto nos desfiles de Hermès, Jason Wu, Saint Laurent, Victoria Beckham, Miu Miu e Loewe.
Sheer/Tecidos transparentes
Assim como o cetim, os tecidos finos e transparentes estão em alta desde a última temporada (por conta dos desfiles que ocorreram em Nova York e Paris), também relacionados com o lingerie dressing. Nesta temporada esse conceito segue vigente, algumas vezes evoluindo para algo boudoir, com um adicional de sensualidade. A utilização desse tipo de tecido, incluindo variedades como o musseline e a organza, aumentou em 2% em comparação com a temporada de Outono/Inverno 23/24, possuindo uma grande magnitude e marcando presença em 10% de todas as peças da temporada. Os tecidos transparentes estiveram presentes em coleções como de Dior, Givenchy, Gucci, Stella McCartney, Missoni e Giambattista Valli.