TRENDSETTERS ORIENTAIS E EMBAIXADORES DE MARCA

A associação de marcas de luxo com celebridades é uma tática de promoção dessas marcas há mais de décadas, representadas principalmente por atrizes e atores de cinema, majoritariamente estadunidenses e de diversos países europeus. Antes da pandemia, as empresas passaram a indicar também influenciadores digitais das áreas de moda e beleza e músicos, trazendo essas pessoas para os seus desfiles tradicionais e campanhas publicitárias ou até mesmo cocriando produtos. Com os mercados asiáticos tomando grandes proporções econômicas, com destaque para China, ou ganhando atenção nacional, no caso da Coreia do Sul, celebridades desses locais trazem grandes oportunidades para as marcas, que vem investindo em ídolos dessa região como embaixadores.

Segundo dados da Lefty, ídolos de K-pop – englobando não somente coreanos, mas também outros estrangeiros que façam parte de grupos com sede na Coreia – têm o poder de transformar uma marca de nicho em um sucesso instantâneo, com a capacidade de converter vendas em 3.000%. Um exemplo disso foi a aparição da Lisa, tailandesa e integrante do grupo feminino Blackpink, no desfile da Celine da temporada de Primavera/Verão 23 US$30 milhões em valor de mídia ganho.

Nos desfiles que ocorreram nos primeiros meses de 2024, referentes a temporada de Outono/Inverno 24/25, o sul-coreano Hyunjin, do grupo masculino Stray Kids, liderou a lista de valor de mídia da semana de moda de Milão, com 4.02M, com apenas uma postagem sobre o desfile no seu Instagram. Ele foi seguido por outros 3 grupos ou personalidades do K-pop, da mesma forma que a Versace, marca da qual ele é embaixador, também liderou a lista de principais marcas.

Esse fenômeno se dá com aqueles relacionados ao pop coreano por serem considerados ídolos, não apenas artistas, como a maioria dos músicos ocidentais. Eles são considerados pela sociedade coreana, e consequentemente por fãs ao redor do mundo, como exemplos a serem seguidos em diversas áreas, influenciando gostos e comportamentos. Além disso, há também o desejo de ter proximidade com aqueles que admiramos, o que faz os fãs quererem e investirem em produtos da marca.

Outra coisa que pode ser levada em consideração é toda a experiência relacionada com ser uma fã de k-pop. Virtualmente todos os grupos, e artistas solo, possuem um nome para o seu fandom e um lightstick para ser usado em shows, além de personagem que emulam características das personalidades de cada membro do grupo; a exemplo do BT21 – BTS, SKZoo – Stray Kids e Aniteez – Ateez. Enquanto a venda de álbuns físicos deixou de ser uma métrica relevante no ocidente, do outro lado do mundo essa venda compõe uma parte extremamente relevante da receita das empresas de entretenimento. Esse consumo se dá não somente pela aquisição do álbum, mas pelos benefícios encontrados neles, como pôsteres e photocards.

Todas essas ações de marketing reforçam a ideia de proximidade com os idols, fazendo com que exista um grande envolvimento dos fãs com qualquer atividade exercida por eles. Naturalmente, com o envolvimento dos idols com as marcas e a sua participação nos eventos relacionados à elas, a atenção dos fãs se volta a isso, gerando um fluxo de atenção e, consequentemente, receita, se tornando uma receita para o sucesso.