A busca pelo estilo elegante nas passarelas vêm utilizando códigos de seus antigos criadores (no caso de marcas de luxo históricas) de forma recorrente há algumas temporadas. Enquanto que em algumas temporadas isso se deu de forma literal, pela revisitação aos arquivos de tecidos e peças das marcas, a ideia atual assume a forma de tributo à história das maisons, ao invés de mergulhar no conceito de nostalgia, tratando o estilo como algo fluido por meio de seus direcionamentos e não da utilização de peças específicas.
Essa temática é alinhada com o conservadorismo, por não trazer inovações totais em termos de silhuetas, mantendo cortes clássicos e acabamentos bem alinhados. Mesmo em peças de materiais maleáveis, há uma sensação de rigidez (que varia níveis de acordo com a proposta individual de cada composição), por conta dessas características. Dior, Givenchy, Miu Miu e Thom Browne são algumas das marcas que compõem a lista de coleções que incorporaram esse tipo de silhueta.
Na composição, são utilizadas peças da mesma cor ou de cores análogas; em poucos looks são encontradas cores com maior contraste, sendo que essas composições são majoritariamente reservadas à cores acromáticas (preto, cinza e branco), como nos desfiles de Alaïa e The Row. Mantendo a ideia de constância, a presença de conjuntos de blazers e saias foi alta, características da Dior, Versace e Givenchy. Nessa mistura é possível visualizar ainda duas peças muito características da temática nesta temporada: o blazer acinturado com altura no quadril e a saia reta ou lápis midi.
Seguindo a ideia de rigidez, a cartela de cores é predominantemente de cores profundas, com a leve utilização de cores claras neutras ou neutras coloridas, como o creme, utilizado por Tom Ford, Giambattista Valli e Dior. O preto, o cinza escuro, o marrom e o bordô foram as principais cores utilizadas nas coleções. Segundo a Heuritech, o cinza apresentou um crescimento de 8%, em comparação com o O/I 23/24, estando presente em também 8% dos desfiles, incluindo de Philosophy di Lorenzo Serafini, Prada e Carolina Herrera; enquanto que o bordô teve um aumento de 6%, porém esteve em 18% das passarelas das semanas de Copenhague, Nova York, Londres, Milão e Paris, a exemplo das marcas Ferragamo, Nº21 e Givenchy.
Assim como em outras temáticas da temporada, também se usaram tecidos com texturas, ao invés da tão tradicional lã fina. O tweed, extremamente associado à Chanel, foi utilizado por algumas marcas, junto ao cetim, que tem estado entre os principais tecidos há algumas temporadas, foram os principais materiais. Considerando que estamos tratando de uma temporada de inverno, os clássicos sobretudo foram acompanhados por blusões de tricô, vistos principalmente com padrões de cabos, visto nas coleções de Tommy Hilfiger e Versace. Considerando a forte presença de elementos tradicionais, é de se esperar que as principais estampas também fossem os estáveis padrões xadrez e as listras. No xadrez, variações em preto em branco foram a principal aposta de Thom Browne, Dior e Chanel, já as listras foram vistas em propostas mais coloridas.
Esta temática é extremamente comercial, com uma inclusão baixíssima de elementos conceituais, tornando a sua transcrição para o mercado simples. O público alvo principal para essa temática pode ser relacionado tanto às pessoas que buscam itens de vestuário que trazem características dos estilos clássico e elegante, assim como quem considera o tradicionalismo como um valor intrínseco da sua vida e guarda-roupas. Porém, para o segundo caso é necessário ter em mente que, apesar de ser tido como tradicional, nem todos os elementos da temática podem ser considerados modestos, como uma parcela desse público pode buscar.
