BELEZA FW 24/25

A categoria de beleza é a que permite a maior volatilidade de estilos, uma vez que com os mesmos produtos podem ser obtidos diversos resultados, por meio de diferentes formas de aplicação. Ainda assim, vemos uma constância fortíssima entre os estilos de beleza apresentados nas semanas de moda, que é mais expressivo em temporadas da mesma estação, porém que atualmente não se restringem ao mesmo tempo. Desde a temporada de Outono/Inverno 23/24, percebemos um declínio forte de maquiagens artísticas, que atualmente são quase restritas à semana de moda de Alta Costura.

Na beleza do universo da moda mais comercial (aka prêt-à-porter), em editoriais e outros tipos de promoção, temos o predomínio de maquiagens sutis. Já nas semanas de moda, a presença de maquiagens glam e vamp vêm sendo empregadas há mais de duas temporadas. No vestuário, somente agora os conceitos minimalistas, como o Quiet Luxury, possuem a sua supremacia desafiada, pela estética Mob Wife, que se alinha com algumas das maquiagens que já vinham sendo exploradas nas semanas de moda. Nessa estética, vemos a utilização de cores profundas, como o preto e bordô, nos olhos e boca, com a intenção de criar um visual marcante.

Além dos estilos de maquiagem, ocorre também um alinhamento das principais cores que aparecem no vestuário com o que é usado na maquiagem. Enquanto delineados coloridos foram utilizados durante o período em que a moda dopamina foi popular, no pós-pandemia de Covid-19, hoje e nas temporadas anteriores em que o vermelho já se configurava como tendência nas roupas, a cor se fez e faz presente nas cores de batons das modelos de uma lista extensa de marcas, que inclui Carolina Herrera, Ferrari, Richard Quinn and Mugler.

De fora das passarelas, o resultado do boom com os cuidados com a pele ainda é percebido, na presença fortíssima de maquiagens com o maior aspecto de “no make-up” possível. Apesar da presença de outros conceitos, na maquiagem, a predominância do glass skin segue sendo a aposta das principais marcas de luxo, com exceção ocasional de algumas marcas a depender do conceito da coleção e o desejo de imagem da marca, como no caso da Valentino. Além de se alinhar com tendências do universo da beleza para além das semanas de moda, a aposta em maquiagens minimalistas reforça ainda a ideia de estabilidade, junto ao quesito mais comercial e de uma expressão artística que foca no priorização do conforto, em detrimento de uma ideia conceitual do que pode ser lido como artístico.

Na Alta Costura, na temporada de Outono/Inverno 24/25, tivemos um desfile que ganhou extrema atenção por conta da escolha de maquiagem, o da Maison Margiela. As modelos da marca surgiram na passarela parecendo bonecas de porcelana em tamanho real, muitas com a pele literalmente branca. Para isso, foi utilizada uma mistura de água destilada e máscaras faciais em gel, resultando numa pele “perfeita” e surreal. Além da pele, houve um grande uso de blush rosados ou em cores não convencionais, como o amarelo, além de olhos esfumados em cores escuras e sobrancelhas finas.

Sob a direção de John Galliano e a execução de Pat McGrath, a maquiagem nesta coleção se tornou o principal elemento na apresentação da coleção; da mesma forma que a dupla já havia apresentado em outras temporadas, até mesmo quando Galliano fazia parte da Dior. Conhecido por transformar desfiles em espetáculos, Galliano mostra como a maquiagem pode ser utilizada para não só comunicar a inspiração para as peças, mas também para reforçar a diferenciação da experiência de ver um desfile e ver as roupas em um cabide ou em um manequim.