Dos dias 25 de fevereiro a 03 de março, ocorreu em Milão, uma das semanas de moda mais aguardadas, trazendo as principais tendências para o Outono/Inverno de 2026. A mesma reúne as principais marcas de design italianas em grandes desfiles destinados à clientes, influenciadores e comunicadores, movimentando a economia e o turismo da região.
A temporada traz um visual que lembra e revisita os clássicos, com toque de modernidade, trazendo uma abordagem contemporânea e vanguardista. Unindo a melancolia dos tons escuros da estética gótica com elementos delicados do romantismo, a season foi marcada por um novo olhar sobre a feminilidade, provando que a elegância e a ousadia podem sim, andar juntas. A sustentabilidade também teve grande pauta nos grandes desfiles italianos, resgatando o uso de peles, desta vez sintéticas, mas extremamente realistas. Assim, refletindo a busca das marcas pela procura de novas tecnologias e maneiras sustentáveis de produção. Já a redução da voracidade por produtos de alto preço, desencadeado pelo mercado chinês e, pela incerteza econômica generalizada, observa-se o setor de luxo em um contexto de crise, fazendo com que as marcas necessitam se reinventar e utilizar a criatividade e o pragmatismo de forma autêntica e atual.



A cor dominante nas passarelas é o preto, reforçando a estética gótica que traduz a atmosfera de ousadia que permeou a semana como um todo. Além dele, amarelo manteiga – transmitindo leveza, calor e elegância, o burgundy – que combina o vermelho com a púrpura, e o marrom – que apareceu em diversos looks monocromáticos, em desfiles como Gucci e Ferrari.



Algumas marcas como Gucci, Prada e MSGM ousaram em escolher o rosa claro como proposta para o inverno, se diferenciando de cores clássicas que normalmente são utilizadas, surgindo para quebrar a densidade das combinações anteriormente mencionadas.



Já Versace e Maison Margiela apostaram em paletas sóbrias com os clássicos tons terrosos, em tonalidades como o preto, marrom, caramelo – geralmente situando-se entre o marrom e o amarelo, bege e verde-musgo.





A semana de moda de Milão usou e abusou da exploração de volumes, texturas e acabamentos. Tecidos encorpados como lãs e tricôs foram muito presentes e até mesmo em peças mais fluidas, como vestidos, eram extremamente bem estruturados esteticamente, ressaltando a qualidade dos materiais. Algumas marcas como Prada, Marni e Moschino apostaram em estampas florais com uma pegada vintage, localizadas em pontos focais da peça ou repleta de flores misturadas, como um patchwork. Se inspirando na volta dos anos 1970, o Boho Chic levou às passarelas elementos boêmios e muitas franjas em tamanhos expressivos, explorando a ideia de volume e fluidez.




As silhuetas por sua vez obtiveram poucas cinturas marcadas com ponto focal no colo – em forma de grandes golas ou ombros à mostra, trazendo à tona o poder feminino e questionando a percepção coletiva da feminilidade. Já os comprimentos variaram entre o midi e o mini, deixando de lado a tendência do micro da temporada passada.


Opondo-se da estética gótica e vivendo o romantismo, Milão trouxe a sofisticação do loungewear com a estética Mob wife, popularizada em meados do século XX e caracterizada por um visual extravagante e luxuoso, que transmite poder e confiança com peças mais sensuais. Grandes Maisons como Ermanno Scervino, Blumarine e Gucci apostaram em rendas de tons intensos como rosa e verde lima.


Trazendo as características luxuosas e extravagantes do estilo citado acima, o Loud Luxury foi uma das grandes apostas da temporada, o uso de peles sintéticas desde saias como vistas no desfile da Ferrari, à casacos volumosos e cheios de texturas vistos em diversos desfiles como Blumarine, Giorgio Armani e Dolce & Gabbana


A alfaiataria segue sendo um dos pilares mais consolidados no mundo da moda, com ternos e casacos estruturados, cortes impecáveis e caimento perfeito. Antonio marras, N.21 e Ferrari optaram pela alfaiataria em tons de cinza, em contraponto às cores vibrantes mencionadas anteriormente. Sendo a maioria composta por bases lisas ou estampas como risca de giz, em looks sóbrios e polidos.



Saindo das passarelas conceituais e entrando na realidade do cotidiano, é possível identificar diversos modos de inserir as tendências anteriormente citadas, como a utilização de cores sóbrias, em peças clássicas como blusas, blazers e calças de alfaiataria. Uma das grandes apostas para o Outono é o burgundy, cor que pode ser mesclada com peças de tons terrosos e facilmente inserida na peça destaque do look. Para casacos e jaquetas, o must have são os volumosos casacos de pele e as jaquetas de suede ou camurça, misturando duas grandes tendências da temporada, o Loud Luxury e o Boho Chic. As rendas podem ser incorporadas em regatas de seda ou em peças de veludo, combinando a melancolia e a sensualidade que a season opôs a trazer. O outono e o inverno serão marcados por elegância, sobriedade e ousadia.